1- Discute-se por aí animadamente quem será o melhor jogador do mundo. Os portugueses juram e torcem por Cristiano Ronaldo, os catalães por Iniesta, os castelhanos por Iker Casilhas, e o resto do mundo e alguns portugueses hereges, como eu, por Lionel Messi. Mas estamos todos enganados: o melhor jogador do mundo terá de sair daquele que é o mais espectacular desporto do mundo - e esse, não é o futebol, mas sim o ténis. O futebol é um jogo e um desporto fabuloso, quando bem jogado e, na minha hierarquia pessoal convive com outros igualmente arrebatadores, ao mais alto nível: o vólei, o basquete, algumas modalidades de atletismo - como as de velocidade, maratona, 10 mil metros e salto à vara, os saltos para a água, o ski na neve, o todo-o-terreno e os ralis, etc. Em contrapartida, há modalidades, como aquelas em que os atletas competem curvados como corcundas, o hóquei ou o ciclismo (neste caso, curvados e invariavelmente dopados), ou em que se tornam seres disformes, como o halterofilismo ou o lançamento do peso, ou em que se morre de sono a vê-los, como no andebol, na Fórmula 1 ou no críquete (e a sua versão americana do basebol), que eu passo muito bem sem ter de assistir. Mas, tudo ponderado, há um desporto que me enche as medidas, que tem um lado de duelo de gladiadores inimitável e que pode durar três, quatro, cinco horas de um espectáculo cheio, como nenhum outro desporto, de uma quantidade de momentos que são exaltantes, de uma beleza arrebatadora. E que, ainda para mais, é um desporto onde não há doping, não há árbitros que decidem, não há o factor dinheiro a ditar a diferença, e onde o clubismo doentio é substituído por um fair-play que é, justamente, uma das imagens de marca desse desporto. Esse desporto é o ténis. E o rei do ténis, em 2012, chama-se Roger Federer, o suíço que anteontem, vencendo pela sétima vez Wimbledon, igualou o record de Peter Sampras - nisso e no maior número de semanas como nºl do ranking mundial. Por fidelidade à memoria e ao génio, hesito ainda em alinhar com os que acham que Federer é o maior tenista de todos os tempos, há dez anos no top mundial e ainda conseguindo ser nº1 aos 30 anos de idade. E hesito, apenas porque ainda tenho na memória o fantástico, genial, semi-louco, esquerdista chamado John McEnroe - que, numa inesquecível final de Wimbledon, conseguiu vergar o inamovível bloco de gelo chamado Bjorn Borg, evitando que ele conseguisse vencer Wimbledon pela sexta vez consecutiva, quando, com 5-4 a seu favor, no quinto e último set, se atreveu a fazer o que jamais alguém ousara antes: atacar o serviço de Borg, subindo à rede desde a primeira resposta. Por muitos anos que ainda passe a ver desporto, esse há-de ser para sempre um dos momentos mais marcantes que alguma vez vi a um desportista. É como o calcanhar do Madjer em Viena ou a noite de Los Angeles do Carlos Lopes. Mas também vai durar muito tempo até conseguir esquecer o vóley de esquerda, em amorti e com um efeito inacreditável dado à bola e que eu não sabia possível, com que Federer rematou anteontem a segunda e decisiva partida da final de Wimbledon, daí partindo para a recuperação vitoriosa. Federer é um dos últimos representantes de um ténis puro e clássico - jogado, por exemplo, com a esquerda a uma só mão (e que deslumbrante esquerda, sacada bem de trás, quase de costas, e a explodir na pancada!), e uma direita a varrer, procurando as diagonais absolutas e os cantos do court, em prejuízo do top spin, bem mais fácil e defensivo. E, ainda por cima, é um verdadeiro sportsman, como Wimbledon gosta e venera: não exibe tatuagens nem equipamentos de fantasia adaptados ao mau-gosto dos patrocinadores, quando ganha diz que está feliz e quando perde diz que o adversário foi melhor, não tem sombra de arrogância, de vaidade ou de vedetismo.
Não procurem mais o melhor jogador do mundo em 2012: chama-se Roger Federer.
2- Chiapas? Sim, conheço de ouvir falar: é a capital do crime do México, a cidade dos cartéis da droga. E, da existência dos Jaguares de Chiapas, só soube quando se começou a falar do interesse do FC Porto no seu ponta-de-lança, um tal de Jackson Martinez, autor de uma média de golos inferior a um por cada dois jogos, lá nos Jaguares de Chiapas, e que uma coisa, pelo menos tem garantidamente: é candidato a um dos mais feios jogadores da nossa Liga, a par de Luisão, Carlos Martins, Neca, e outros que mais. A compra de Martinez pelo FC Porto aos tais Jaguares de Chiapas entra na história como a mais cara venda de sempre do futebol mexicano. Suponho que nem nos seus melhores sonhos, o presidente dos Jaguares alguma vez imaginou vender alguém por 8,8 milhões de euros, e o rapaz, que, decerto até pagaria para fugir de Chiapas, ainda deve esfregar os olhos ao realizar que um clube europeu (e nenhum dos dez milionários da lista oficial) pagaria tamanha fortuna para o libertar de Chiapas. Se pensarmos que, por exemplo, Lima, do Sp. Braga, por um golo apenas não o melhor marcador da última Liga, tem ofertas que não passam dos 2 milhões de euros, e que, pelo mesmo valor, o F.C. Porto está pronto a desfazer-se de um centro-campista da qualidade de Belluschi, temos de confiar que este Jackson Martinez deve ser jogador de top mundial. Ainda para mais se, com um ano inteiro para preencher a orfandade de Falcão, o FC Porto apenas se concentrou nele e nenhuma melhor alternativa encontrou, é porque, realmente, melhor não havia no mercado, nesta ordem de valores.
E assim, tendo começar a comprar, e caro, antes de ter começado a vender, numa conjuntura de mercado em que já toda a gente percebeu que os negócios loucos de tempos recentes não se vão repetir agora, temo que tenhamos de vir a pagar este negócio com algumas vendas em saldos de efectivos de valor mais seguro ou, pelo menos, conhecido. A verdade é que, tal como sucede no Benfica, há muita gente, dizem-nos, a perguntar por este e aquele, mas ninguém ainda que se tenha chegado à frente. E, entre os impedimentos, os em trânsito não se sabe para onde, os que agora já não podem ser emprestados cá dentro, os que hão-de continuar emprestados lá fora sem ser vendidos, o FC Porto, que tem quatro defesas-direitos (Danilo, Fucile, Miguel Lopes e Sapunaru), foi para estágio sem nenhum, e, em contrapartida, levou quatro guarda-redes dos oito que tem sob contrato (dois deles, contratados agora e que tanta falta faziam!), e continua a ter uns dez extremos-esquerdos sob contrato, em contraste com apenas quatro médios no plantel, visto que se dá ao luxo de deitar fora Guarin, Belluschi, Souza, Castro, Tomás Costa, Sérgio Monteiro ou Hélder Barbosa.
Porque estão os pequenos falidos é fácil de perceber: porque não têm massa critica que sustente o profissionalismo em que querem viver. Porque estão os grandes falidos também não é difícil de perceber: porque nenhuma empresa, nenhum negócio, resistiria a uma gestão destas: têm setenta jogadores sob contrato, mas apenas uns 25 trabalham para o clube. Diz-se que o Sporting é diferente, apenas porque tem menos dinheiro para aventuras e então aproveita a prata da casa. Sim, aproveita, se não tiver logo ofertas por ela: ainda agora acaba de vender dois miúdos, recém-campeões de juniores para o Barcelona, por 2,5 milhões. E dá-se ao luxo de só integrar o Adrien contra um pedido de desculpas dele... por ter querido ganhar a Taça contra o Sporting e ao serviço da Académica, a quem estava emprestado.
3- Passou mais de um mês e eu continuo muito curioso para saber que decisão irá tomar a Federação de Basquete sobre o comportamento do treinador do Benfica, no decisivo jogo do Dragão. Será que estão à espera que o tempo passe e toda a gente se esqueça?
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