quarta-feira, julho 20, 2005

(19 Julho 2005)

Não houve crónica.

(12 Julho 2005)

Não houve crónica.

sexta-feira, julho 01, 2005

Quem tem medo do McCarthy? (28 Junho 2005)

Se juntarmos a esta insistência na saída do McCarthy, o desejo mal escondido de igualmente ver o Liedson fora do Sporting, o que julgam que ficarão a pensar os leitores mais atentos? A quem é que a saída do Liedson e do McCarthy daria imenso jeito?



1- Benni McCarthy veio para o FC Porto em definitivo há dois anos, a pedido insistente de Mourinho, que achava que ele era essencial, como se provou, para uma carreira europeia triunfante. Custou cerca de um milhão de contos, um investimento imenso para o FC Porto, na altura. Veio, obviamente, porque quis vir, porque melhorou a sua situação salarial e profissional. No FCPorto foi campeão de Portugal, da Europa e do mundo; se tivesse ficado no Celta de Vigo teria provavelmente continuado a suplente e teria jogado a época que terminou na segunda divisão espanhola. Hoje estaria a chorar desesperadamente para que o Celta o deixasse vir para o FCPorto, evitando ter de continuar no limbo da segunda divisão de Espanha. Aliás, há dois anos, tanto ele como o seu empresário, que agora reclamam o direito de deixar o FC Porto por qualquer preço, reclamavam o mesmo do Celta: que o deixasse vir para o Porto.

Manifestamente, Benni McCarthy e o seu empresário não parecem ligar grande importância aos contratos que assinam nem ter grande respeito pelos clubes que lhe pagam. No seu entender, não há nada mais normal e mais justo que os clubes os libertarem quando eles querem, porque querem e pelo preço que querem, e não pelo das cláusulas de rescisão que assinaram.A estratégia é demasiadamente conhecida, não há clube que não tenha de a enfrentar, com um ou outro jogador.E,manifestamente, só há uma forma de o fazer: é os clubes não cederem à chantagem dos empresários e jogadores, sob pena de os contratos de nada valerem e qualquer jogador aliciado directamente por outro clube aparecer ao clube que com ele tem contrato a dizer que se se sente mal, quer-se ir embora e que, se ficar, será contrariado e sem vontade de jogar.

Com a maior das naturalidades, noticia-se, por exemplo, que o Benfica «já tem tudo contratado, salários e prémios», como brasileiro Dedé, que, por azar, tem contrato válido com o Borussia Dortmund. Mas,como próprio Borussia, o Benfica não tem nada contratado,nem acordado, nem sequer falado - porque o Benfica está longe de querer e poder pagar o que os alemães pedem para deixar sair o Dedé. Então, recorre-se à estratégia alternativa, que consiste em aliciar primeiro o jogador e depois contar que ele faça a rábula de chegar ao pé dos dirigentes do Borussia e pedinchar que o vendam pelo preço que o Benfica quer, sob pena de ele permanecer «contrariado».Parece que há quem ache que esta «estratégia», a que o Benfica recorre bastas vezes, é muito «inteligente», como inteligente foi a forma como em tempos «sacou» o Paulo Madeira ao Belenenses ou como recentemente «sacou » dois juniores ao Salgueiros, aproveitando-se das dificuldades económicas do histórico clube do Porto, ao ponto de levar a direcção salgueirista a constatar em comunicado que «a grandeza dos clubes mede-se pelas atitudes que têm». Gostaria de saber o que diria a direcção benfiquista, os seus adeptos e os seus promotores se um Borussia Dortmund ou um Chelsea ou um Real Madrid se lembrasse de atacar directamente o Manuel Fernandes, dar-lhe a volta à cabeça— o que não seria difícil — e pô-lo a pedir publicamente à direcção benfiquista que «não lhe cortasse as pernas » e não o deixasse cá «contrariado »...

Uma coisa eu tenho a certeza: é que o Manuel Fernandes não encontraria, seguramente, um acolhimento da imprensa tão entusiástico para com as suas pretensões, quanto o que McCarthy e o seu empresário têm encontrado nas páginas de A BOLA.

É verdadeiramente excepcional e nunca visto o esforço que aqui tem sido conduzido para dar eco e satisfazer a ambição de fuga de McCarthy—seja ela genuína ou induzida, como mais adiante melhor se verá.Mesmo de um ponto de vista estritamente jornalístico,não me lembro de alguma vez ter presenciado uma situação em que, no curto espaço de dez ou doze dias, o mesmo jornal «repete» seis ou sete vezes a mesma entrevista—em que o entrevistado, directamente ou através de um seu representante, se limita a dizer sempre a mesma coisa: «quero-me ir embora!» Dá vontade de responder: «Já ouvimos, já sabemos! Se se quer ir embora, não é preciso estar a dizer todos os dias a mesma coisa. Ele que arranje quem pague os nove milhões de euros da cláusula de rescisão que quis assinar, e que se vá embora!»

Na edição de sexta-feira passada de ABOLA, julguei que se tinha enfim, chegado ao limite da insistência: pela quinta vez o McCarthy «abria o coração» e o seu repetido apelo para que o deixem sair em saldos merecia até honras de manchete de 1.ª página — um acontecimento tão raro neste jornal relativamente ao FC Porto, que nem quando ganharam a Taça Intercontinental emTóquio o tinham conseguido...

A coisa tornou-se tão absurda e inédita para, julgo eu, o comum dos leitores, que no dia seguinte o director, Vítor Serpa, sentiu-se obrigado a justificar a insistência do jornal no assunto,mas em termos que, salvo melhor opinião, nada justificavam. Tanto mais que ele próprio reconhecia que, neste caso, nenhuma razão assistia ao jogador.É caso para pensar porquê que, reconhecendo- se que ele não tem razão, todos os dias se insiste em estender- lhe o microfone para ele repetir as suas razões.

E, quando se imaginaria que o editorial do director matara, enfim, tarde e a más horas, a Operação Sai McCarthy, eis que, logo na segunda- feira, a coisa retoma o seu caminho, com nova entrevista «McCarthy abre o seu coração», ocupando quatro páginas do jornal — a totalidade do espaço reservado a notícias sobre o FCPorto, não sobrando uma linha que fosse para mais nada!

Ora, francamente, que comentário se pode fazer a isto? Já percebemos que, aqui em A BOLA se quer desesperadamente que o McCarthy se vá embora do Porto. Não é o Postiga, nem o Hugo Almeida, nemo Sokota: é o McCarthy. Mas deverá ele sair só porque alguém na «Bola» quer que ele saia e não se calará enquanto o F.C.Porto não o mandar embora? E não acharão que a coisa já começa a parecer mal? Se juntarmos a esta insistência na saída do McCarthy, o desejo mal escondido de igualmente ver o Liedson fora do Sporting, o que julgam que ficarão a pensar os leitores mais atentos?A quem é que a saída do Liedson e doMcCarthy daria imenso jeito?

2- Sua Excelência o presidente do Benfica foi de visita «oficial » a Cabo Verde. Em dois dias consecutivos, a cobertura dessa viagem mereceu aqui (nos outros desportivos não reparei) oito páginas de relato e vinte e três fotografias do senhor, incluindo até o seu sono na praia do Sal. De passagem, denunciou-se até o Embaixador de Portugal em Cabo Verde, que não terá dado o devido destaque à «visita oficial» do Querido Líder.

E ele, Luís Filipe Vieira, que todos os dias, desde que se levanta até que se deita, tem um batalhão de jornalistas a registar os seus mínimos passos, palavras, suspiros, estados de alma e a beber cada um dos seus discursos, desde Fornos de Algodres até ao Luxemburgo, não resistiu a fazer mais uma declaração para a História -a «declaração da Cidade da Praia». Ei-la: «Digo desde já que, nas próximas eleições, estarei na primeira linha de combate aos oportunistas e aos vaidosos. Se forem aqueles que gostam muito de falar nos jornais também lá estarei. Ficam avisados...»

3- Sim, o sorteio dos árbitros é uma medida completamente estúpida.Tenho sobre outros a vantagem de me ter logo pronunciado contra ela quando, há uns anos atrás, o F.C.Porto era contra mas a maioria dos clubes e dos comentadores eram a favor.Na altura, não sei se se recordam, escrevia- se e dizia-se que o F.C.Porto era a favor porque controlava as nomeações. Hoje, não sei se sabem, o que se diz é que quem controla as nomeações é o Benfica e por isso - e pelos resultados práticos desta época- todos os clubes querem regressar ao sorteio e só o Benfica quer manter as nomeações.

Eu continuo a defender as nomeações -mas de maneira que não levante dúvidas, e não, por exemplo, como Lucílio Baptista a ser nomeado para quatro Porto-Sporting consecutivos, em todos prejudicando seriamente os portistas. O que acho graça é ver os que antes defendiam o sorteio para «acabar com as suspeições», hoje oporem-se ferozmente ao sorteio.Mudam-se os tempos, mudam-se as verdades.