1- Corra melhor ou pior, este Mundial irá passar à história, antes de mais, por uma razão literalmente de fundo: o ruído do exército de varejeiras que nos entra pela casa, pelos ouvidos, pela vida adentro, de cada vez que seguimos um jogo na televisão. Nem os comentários do Carlos Manuel na Sport TV conseguem irritar mais do que essa praga das vuvuzelas, inventada por quem não gosta de futebol para ser usada por quem nada percebe de futebol e não está lá para ver o jogo.
De todos os lados, o consenso está estabelecido: não há ninguém que suporte aquilo. Nem jogadores, nem técnicos, nem árbitros, nem repórteres de campo, nem comentadores de televisão, nem espectadores. Porque não se proíbem, então? Porque o sr. Blatter tem medo de ofender os sul-africanos e, com eles, o voto dos africanos, indispensável à sua manutenção no poder dessa máquina de fabricar e ostentar dinheiro que se chama FIFA. A única esperança que resta é que os próprios sul-africanos já começam a interrogar-se se o insuportável ruído das vuvuzelas não acabou, afinal, por ser desfavorável à prestação inaugural da sua selecção — impedida pela manada de elefantes loucos de fazer escutar os seus cânticos e gritos de apoio. A vuvuzela, como me explicaram lá na África do Sul em Agosto passado, é a grande esperança dos bafana-bafana para conseguirem perturbar o futebol das outras equipas. E lá que perturbam, perturbam; disso não há a mais pequena dúvida e só por isso, e se lá estivesse para defender o futebol, o sr. Blatter trataria de as proibir. Mas, não se atrevendo ele a esse gesto politicamente incorrecto, resta então a esperança de que os próprios sul-africanos comecem a duvidar das suas vantagens. Enquanto tal não acontecer, estamos condenados ou ao inferno, ou a assistir a um Mundial em silêncio. Ao que isto chegou!
2- Devemos perguntar-nos para que serve tão extensa comitiva da FPF na África do Sul, tantos dirigentes, adidos de imprensa, etc, quando a gestão do caso Nani foi má de mais, incompreensível de mais. Tão má e tão incompreensível, que logo nasceu o rumor (que ainda se mantém e já quase como verdade estabelecida), que não houve lesão nenhuma impeditiva da prestação do jogador, mas sim um caso de doping abafado desta maneira. Rumor ainda mais alimentado pelas declarações do próprio jogador, no regresso a casa, quando declarou que numa semana estaria bom. Quem e porquê deixou que este boato, atingindo o nome profissional de Nani, alastrasse desta forma? E porquê que não houve jornalistas capazes de fazerem as perguntas que se impunham: porque não vem o médico da Selecção explicar a lesão? Que lesão foi, ao certo? Onde fez Nani os exames que determinaram ô seu afastamento? Porque não os fez antes de seguir para a África do Sul? O que disseram, exactamente, os exames? Foi mandada cópia ao Manchester United? E o que disseram os ingleses? Quanto tempo de recuperação era previsível? Que tipo de tratamento podia ser feito? Como é que o Drogba parte o cúbito, é operado e, se calhar, já joga logo à tarde, e o Nani faz uma luxação no ombro e é declarado irrecuperável para todo o Mundial?
Ainda estão a tempo, senhores responsáveis da Federação: querem dar-nos uma explicação que acabe de vez com as dúvidas, as especulações e os boatos ofensivos, ou regressámos ao espírito de Saltillo?
3- Logo à tarde, não tem que enganar: só a vitorianos interessa. E, para vencer, acabou-se o palavreado de circunstância e as brilhantes explicações técnico-tácticas: é preciso que Queiroz não tenha medo de ganhar, de lutar pela vitória e que saiba transmitir essa atitude aos jogadores.
Acredito firmemente na vitória e um bom prenúncio éque vamos jogar com o equipamento branco — bem mais bonito e bem mais nacio -naláo que o eterno, feio e intragável equipamento à Benfica.
4- A BOLA fez um inquérito onde me perguntaram qual a selecção que eu via como favorita. Respondi a Argentina, mas depois constatei que a generalidade dos respon-dentes enumeravam duas, três e até quatro selecções. Assim, como dizem os brasileiros, fica mais fácil acertar...
5- Como bem sabemos, uma mentira repetidamente dita transforma-se em verdade. Há anos que o José Diogo Quintela anda a repetir que um árbitro foi tomar um cafezinho a casa de Pinto da Costa, na véspera de apitar um jogo decisivo do FC Porto, em 2004. Tirando o facto de não ter sido assim que a coisa ficou provada em tribunal, o mais importante é que esse jogo (um Beira-Mar-FC Porto) não era decisivo, pois que o Porto já tinha o campeonato no bolso — tanto que se dispensou de apresentar vários titulares, que ficaram a descansar para a- eminente final da Cham-pions, em Geselkirchem, que teve lugar daí a dias. O jogo terminou empatado, salvo erro 1-1, e, segundo o trio de analistas de arbitragem do Jogo, o árbitro do cafezinho cometeu, de facto, dois erros, um para cada lado e ambos com possível influência no resultado. Só que, azar, o primeiro erro foi contra o FC Porto — e o primeiro erro é sempre mais importante. Ah, e o treinador, que precisava que dessem cafezinhos aos árbitros para vencer um Beira-Mar, chamava-se José Mourinho e logo, logo, iria ser campeão europeu...
Eu, no lugar do José Diogo Quintela preocupava-me antes (porque é mesmo de andar preocupado) com o espectáculo lastimável de ver o Sporting andar há um mês a anunciar iminentes reforços que nunca se confirmam e fabulosas vendas de jogadores que ninguém quer comprar. Preocupava-me com as contas apresentadas pela SAD leonina e com o facto de ela não ser capaz de apresentar, em mais de três semanas, uma simples garantia bancária de três ou quatro milhões para comprar o tal de Petrovic. Ou de andar a formar grandes promessas em Alcochete que se vê à rasca para colocar a rodar noutros clubes porque quer que sejam eles a pagar os ordenados. Ou de cada vez ter menos adeptos no estádio e mais passivo nas contas, ou de ter terminado o campeonato a 27 pontos do Benfica, etc... e tal. Enfim, não vou bater no ceguinho, só não consigo é entender o descaramento de continuar a insistir naquilo que todos os tribunais deram como não provado e continuar a tentar que o povo acredite que tudo o que o FC Porto ganhou nos últimos anos (enquanto o Sporting celebrava segundos lugares como grandes conquistas) foi com cafezinhos ou as férias do Calheiros no Brasil, já depois de reformado. Se neste país houvesse uma cultura de responsabilidade, se cada um fosse responsabilizado pelo que diz e faz, não se continuaria a insistir em mentiras desmascaradas pela justiça. Pelo contrário, o que se perguntaria é quem responde pelos milhões de euros de dinheiro dos contribuintes gastos pelo dream team do Ministério Público numa operação de perseguição ao FC Porto, desenterrando processos arquivados, acusando com falta de provas, arregimentando testemunhos que toda a gente via que eram falsos e pessoalmente motivados. Quem responde por isso?
6- E, recordando as palavras do Hulk sobre os incidentes do túnel da Luz («Acredito que foi uma situação armada, combinada») — graças à qual ele perdeu, além do mais, toda a esperança de poder estar no Mundial) —, quero saudar aqui o tardio desaparecimento do dr. Ricardo Costa do CD da Liga e do futebol português. Espero bem que seja definitivo, pois que, há muitos anos a seguir o futebol, não me lembro de prestação tão negra como a sua, no dirigismo desportivo. Claro que vai deixar saudades em muita gente, mas por razões que ele muito bem sabe e que eu, no lugar dele, dispensaria.
7- A Naide Gomes tem razão: o título feminino de atletismo conquistado pelo FC Porto, graças a uma armada de atletas do Leste, contratadas para tal, prejudica o atletismo nacional, falseia o desportivismo e não honra o clube. Qual é o orgulho, o sentido, de ser campeão assim, numa modalidade amadora? Só para ter mais uma taça na vitrina?
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