sábado, outubro 20, 2012

AFINAL, JÁ NÃO SEI… (20 SETEMBRO 2011)

1- Contrariando as opiniões gerais, acho que tanto o FC Porto como o Benfica poderiam e deveriam ter feito melhor do que fizeram no primeiro jogo da Liga dos Campeões.

O FC Porto é verdade que teve um inicio de jogo de um azar incrível e que foi capaz de dar a volta ao texto e contrariar a fortuna. Mas, depois de se ter visto a jogar uma hora contra dez e quinze minutos contra nove, é difícil compreender o excesso de cautelas de que deu mostras. Eu sei muito bem como é importante entrar na Champions com uma vitória - mais ainda se o treinador é completamente neófito nestas andanças. Mas na Champions não se pode jogar com medo, porque não compensa: não compensa contra os grandes nem contra os outros. Em superioridade numérica tanto tempo, o FC Porto deveria ter ido à procura do terceiro golo, sabendo que o primeiro lugar do grupo pode muito bem vir a ser decidido pela diferença de golos. E ser primeiro ou segundo no grupo é completamente diverso: ser segundo é quase uma sentença de morte a seguir, às mãos dos tubarões europeus. De tal forma que nem sei se não é melhor ser terceiro do que segundo, e seguir pela Liga Furopa, como aconteceu com Braga e Benfica na edição passada.

Mas, como disse, o que se viu foi um FC Porto com medo da própria sombra, preguiçoso e desinspirado, que ficou a dever a vitória exclusivamente a dois rasgos individuais de Hulk e James (quem mais poderia ser?).

Já os benfiquistas, que acham que fizeram um jogo fantástico, ficam muito amofados se lhes dizem que jogaram contra a reserva do Manchester. Mas, quem viu o Manchester-Chclsea, sabe que foi praticamente o que sucedeu, com Ferguson a vir à I.uz jogar para o empate, garantido pelo terceiro guarda-redes e pelos pés do veterano Giggs.

O Benfica deveria ter aproveitado a oportunidade para tentar baralhar as contas pelo primeiro lugar. Para mais, sabendo que o segundo é quase garantido pelo sorteio, deveria ter jogado para vencer, o que não fez. Embalados pela arbitragem de Duarte Gomes e pelas «minudências» (como lhes chamou o Fernando Guerra) dos três supostos penalties de mão na bola contra o Guimarães, também apostaram mais nessa táctica do que em tentar ganhar o jogo pelas vias normais. Por ironia das coisas, valeu-lhes o critério de um árbitro da Champions não ser igual ao de Duarte Gomes, quando uma bola centrada para a sua área foi de encontro ao braço de um defesa benfiquista - e nem os ingleses tugiram, nem o árbitro mugiu. O futebol a sério é bem mais sério!

2- Cinco dias depois da exibição pífia contra o Shakhtar, o FC Porto foi a Aveiro assinar uma exibição miserável contra o Feirense. Sem desculpas: o campo era neutro, o relvado de dimensões máximas e em bom estado, o tempo magnífíco, o adversário um primodivisionário com uma equipa só de portugueses e um orçamento de 2 milhões, contra os 95 milhões do orçamento do Porto. E o que se viu dá que pensar.

Primeiro que tudo, dá que pensar que o Porto sem o Hulk, praticamente não exista, ofensivamente. Mas, com o Hulk na equipa, qualquer um faz figura. O que precisamos é de ter uma alternativa, quando, como é o caso, ele fica na enfermaria, vítima da pancada que leva em todos os jogos.

Depois, dá que pensar que um treinador de futebol não entenda coisas óbvias, como o facto de o Sousa ser muito melhor jogador que o Fernando (o que não veio ao caso), ou de o Cristian Rodriguez ser uma aposta garantidamente sem retorno - em termos de custo/benefício é talvez a pior aquisição da última década. Tam-bem me custa a entender como é que, com tantos extremos-esquerdos adquiridos, emprestados, dispensados ou disponíveis nos últimos tempos, ninguém achou necessário ter um - apenas um! - extremo-direito. Não há um extremo direito no FC Porto: há esquerdinos adaptados à direita, dos quais só o Hulk funciona, porque é um génio. E também não entendo, a não ser por masoquismo, que, faltando o Hulk ou o James, não haja nada de melhor para meter em jogo do que o Cristian Rodriguéz. E, finalmente, não entendo que um treinador, depois de passar toda uma parte a ver o Cristian a perder todos e cada um dos lances em que intervinha, sem velocidade para a ponta e a refugiar-se no meio só para atrapalhar, precise ainda de mais 25 minutos da segunda parte para, enfim, o mandar a caminho do merecido descanso.

Até agora, não me pronunciei sobre Vítor Pereira. Compreendo que, na situação de emergência absoluta causada pela deserção de Vilas Boas, Pinto da Costa se tenha voltado para o que estava mais à mâo. Não questiono a escolha, mas é evidente que o seu valor tem ainda de ser demonstrado, e só há um local onde isso se pode fazer, no terreno de jogo. Constato que, dando continuidade a uma tendência que pode ser apenas fruto do azar, em Aveiro, ele falhou, uma por uma, todas as substituições. Primeiro, demorou tempo de mais a fazê- las - e sempre me custou entender por que razão um treinador, ao ver que a sua equipa não está a funcionar e que há jogadores que só estão a atrapalhar, precisa de esperar uma hora inteira para reagir. Já aqui escrevi que uma das coisas que eu gostava no António Oliveira, quando ele treinava o FC Porto, é que não se ensaiava nada para começar as substituições aos 20 minutos de jogo, quando via que a equipa tinha entrado mal: e mudava sempre para melhor. Já o Vítor Pereira passou uma hora do jogo de Aveiro a ver aquela tristeza e desinspiração e a única coisa que fazia era trocar ideias com o adjunto e tirar apontamentos (não pode fazê-lo depois, com o vídeo? De que lhe serve tirar apontamentos no decorrer do jogo, a não ser para se distrair e passar por moderno?). E, enquanto ele congeminava e escrevinhava, a equipa ia desperdiçando tempo precioso, acumulando asneiras sobre asneiras, sem uma única ideia inteligente ao serviço do jogo.

Ao intervalo, resolveu-se, enfim, a fazer qualquer coisa, mas essa coisa qualquer coisa foi tirar o único ponta-de-lança (que não estava a jogar nada, é facto), mas que assim deve ter ficado motivadíssimo para futuro. E, em lugar de substituir o Kleber pelo Walter, ponta-de-lança por ponta-de-lança, resolveu também arrasar com a confiança do Walter, preferindo o Varela e ficando com um ataque composto por... três extremos-esquerdos! Mudou outra vez e finalmente libertou a equipa do peso morto do Cristian Rodriguez, mas, quando se espe- rava o ponta-de-lança que gritantemente faltava naquela confusão ofensiva...meteu um médio! E, já em desespero, tirou o defesa direito e meteu... outro ponta-esquerda, que foi jogar... a defesa direito!

Meu caro Vítor Pereira: eu espero sinceramente - por si, mas sobretudo por nós - que você se saia bem desta dificílima empreitada que lhe veio parar às maos. Talvez você gostasse, e precisasse, de ter tido mais tempo até chegar onde chegou: nada mais humano. Mas, às vezes, não há como fugir - o momento faz (ou desfaz) o ho- mem. Se não fugiu à responsabilidade, não desperdice o momento, procurando uma paz e um tempo que, aqui, não vai encontrar nunca. Não pode ficar apenas sentado, a tirar apontamentos, à espera que as coisas aconteçam: tem de ir atrás do destino, sem medo de falhar, como fez o André. Ideias claras e coragem: não pode fugir disto. É o que espero de si para o jogo com o Benfica (onde e como prémio ao antijogo do Rabiola e à precipitação de um árbitro, vamos estar privados do James).

3- Dizem os sportinguistas que tudo lhes acontece - erros de arbitragem, azares de jogo, etc. Não é verdade: acontece a todos, mas eles só reparam quando lhes convém. Por acaso aconteceu ao Sporting, como ao FC Porto, terem rematado oito bolas aos postes nos últimos três jogos? Não, o que lhes aconteceu foi terem levado com dois remates do Zurique aos postes. Dizia o Eduardo Barroso que esse jogo ia ser fácil porque não haveria um árbitro a julgar mal um atraso ao guarda redes, como julgou o árbitro de Paços de Ferreira, segundo eles. E não é que sucedeu exactamente o mesmo, com um árbitro internacional a marcar também livre, numa jogada idêntica? Será uma conspiração internacional contra o Sporting ou será antes que o Rui Patrício tem de ser proibido de não agarrar bolas atrasadas pelos defesas, que não o sejam com a cabeça ou o peito? Por que razão tudo o que de mal acontece ao Sporting nunca é responsabilidade do Sporting?

1 comentário:

Anónimo disse...

o Miguel Sousa Tavares é um corno de todo o tamanho!

Ele não sabe do que fala.